segunda-feira, 31 de março de 2008

Amor Tecido



Não consigo entender
Este estado de saudade
Sempre a querer-te ver
Sempre achar que é tarde

Aqui defronte a este tear
Ter-te em mil fios em mim
Saber como te tecer e lançar
Tecido nu, do meu jardim

Sempre a tecer-te no tempo
Num tear para te encontrar
Desfiando cada momento
Tecendo vontades de te beijar

Passar a trama pela cala,
Com a borboleta a deslizar sobre ti
Meada que aperto no teu urdume,
Com essa régua que me trava aqui,
Teço este suave costume
Nos poros da tua pele macia
Seda de olhos doces de amor
Pintura de cor rubra magia

Cais-me do céu, como um anjo num sonho
Dá-me então leveza e asas para voar
No teu véu rubro infame me proponho
Ou arrasta-me na tua poeira cósmica
Esse véu transparente de sublime amar.

Repete-me sempre que quiseres
Eleva-me ao mais profundo do teu ser
Estarei sempre onde tu estiveres
Mesmo que não me possas tecer

Enrolarei toda a minha alma
Nessas vontades de mil fios
Com que faço a trama
Para vencer nossos desafios

E aquece-mo assim no teu manto
No teu corpo que me dá guarida
Rendo-me ao teu tecido de encanto
Absolvo-me à tua túnica atrevida

Dá-me fio, mais fio para fiar
Para tecer este pano de paixão
A nossa vida assim posta em tear
Que faz de mim teu tecelão.

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