Dou o meu corpo à mesa do jogo
Onde as peças estão prontas
Forjadas no molde do teu fogo
Aqui não existem regras nem apostas
Seja de frente, seja de costas

Jogo para também poderes jogar
Aqui a regra é sempre ganhar
E não existe vencedor
Nem existe vencido
Nem aliado de amor
Nem fel de inimigo
É um jogo de sedução
Um jogo de puro prazer
Onde o prémio somos nós!
Em tudo o quisermos ser
É a minha vez de jogar,
Mas não tenho dados a valer,
Deixo que sejam os teus olhos a brilhar
Que me ditem as casas a percorrer
Cada casa um poro da tua pele,
Cada jogada uma escalada em ti,
Se a sorte não me evitar,
Jogarei muitas vezes aqui
Vezes seguidas, sem parar,
Descida, subida
Avanço e recuo
E tu despida...
Nudificada...
De alma espelhada

Neste jogo que se deve jogar.
Joga!
Faço dessa tua jogada,
Um vice-versa de ti em mim
Uma galopante cavalgada,
De vice-versa,
De um vice-versa sem fim
Jogo e sou eu a dar!
Distribuo jogo novamente
É que te sinto tão doce
É que te sinto tão quente
Exacerbado pelo comum calor,
Esse fogo que está sempre a arder.
Deixa-me então falar-te de amor
Deixa-me então falar-te de viver
Deixa-me jogar e pernoitar em ti,
E jogar… jogar…
E por momentos esquecer tudo
Esquecer tudo o que já vi
E...
Deixar que este jogo me traga mais

Do que na verdade há para jogar.
É que a vida é curta demais
Para que se evite o jogo do amar
Não lanço os dados,
Mas lanço-me em ti
E em cada estocada
Devolves-te em mim alada
Com a mesma intensidade,
Musa, sereia, encantada
Jogo!
E não passo a minha vez
A tua boca quente
Derrete-me a mente
Fico assim como me lês

…não me perco,
Mas não é terrena a sensação,
Vai para lá da imaginação,
Todo o prazer deste nosso jogo,
Quente a emoção
Que quanto mais se joga,
Mais vontade dá em jogar…
Falo de amar
Joga! Joga!
És tu a dar!